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_Precisamos falar mais sobre o apagão de pessoas!

08.01.25

Artigo original publicado pelo nosso co-founder Ricardo Ruzzarin no LinkedIn (https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:7282557185123848193/)

O Brasil enfrenta um problema crescente e preocupante: o apagão de pessoas. Diferente do apagão elétrico, que é abrupto e temporário, o apagão de pessoas é silencioso, progressivo e afeta a nossa capacidade de desenvolver o país em todas as áreas – educação, mercado de trabalho, saúde e serviços.

O que estamos vendo é uma crise que já dá sinais por todos os lados:

:: Nas universidades, as turmas formadas estão cada vez menores. É comum ver vestibulares que tem atraído poucos candidatos, e, ao final da graduação, acabam entregando ao mercado turmas com apenas 7 ou 8 formandos.

:: Nos processos seletivos, a falta de interesse ou comprometimento é gritante. Empresas convocam 15 pessoas para uma entrevista, 5 aparecem, e apenas 2 seguem para as etapas finais.

:: No mercado de trabalho, empresas de prestação de serviços enfrentam dificuldades diárias para manter equipes estáveis. É cada vez mais comum ouvir relatos de negócios que precisam postergar atendimentos ou fechar temporariamente porque perderam funcionários de um dia para o outro.

:: No comércio, filas em lojas de fast food crescem porque não há pessoas suficientes para operar os caixas ou preparar os alimentos.

Esses exemplos são apenas reflexos de uma realidade que afeta diferentes setores. E aqui surge a pergunta que não podemos ignorar: onde estão as pessoas? Por que estamos vivendo esse apagão?

Alguns fatores por trás do apagão

O apagão de pessoas tem múltiplas causas. Entre as mais relevantes, podemos destacar:

:: Baixa taxa de natalidade e envelhecimento populacional: De acordo com o IBGE, a taxa de fecundidade no Brasil caiu de 2,39 filhos por mulher em 2000 para apenas 1,64 em 2022, abaixo do índice necessário para repor a população (2,1). Isso significa que estamos caminhando para um país com menos jovens disponíveis para trabalhar e mais idosos dependentes de cuidados.

:: Falta de qualificação profissional: Um levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revelou que 76% das empresas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados. O Brasil ocupa posições baixas em rankings globais de educação, o que reflete diretamente na empregabilidade.

:: Mudança nas prioridades e expectativas da força de trabalho: Muitos jovens têm optado por trabalhos informais, autônomos ou por não trabalhar. Um estudo recente da consultoria McKinsey mostrou que a geração Z prioriza flexibilidade, propósito e bem-estar no trabalho, e muitas empresas ainda não conseguem atender essas demandas.

:: Evasão no ensino superior: Dados do Instituto Semesp mostram que a taxa de evasão no ensino superior privado chega a 36%, especialmente nos primeiros semestres. Menos formandos significa menos profissionais disponíveis para o mercado.

:: Impactos da pandemia de COVID-19: A pandemia acelerou mudanças no mercado de trabalho, como a digitalização e o trabalho remoto, mas também aumentou o número de pessoas fora da força de trabalho, seja por questões de saúde mental, desmotivação ou falta de oportunidades adequadas.

O impacto econômico e social

O apagão de pessoas afeta não apenas empresas e instituições, mas também a sociedade como um todo. Serviços essenciais, como saúde, educação e transporte, enfrentam quedas de qualidade devido à falta de profissionais. CEOs reduzem o ritmo de abertura de novas unidades por falta de gente. Negócios precisam reduzir suas operações, e a economia perde competitividade. Além disso, a sobrecarga nos trabalhadores que permanecem ativos gera um ciclo de estresse, adoecimento e, muitas vezes, abandono do trabalho.

Sem uma força de trabalho robusta, enfrentamos uma ameaça direta ao crescimento sustentável do país. A produtividade diminui, e as desigualdades sociais se ampliam.

Como podemos reagir?

Para evitar que o apagão de pessoas se torne um colapso irreversível, é preciso agir agora. Aqui estão algumas frentes de discussão e ação que precisamos fortalecer:

:: Valorização do ensino: Incentivar a permanência de estudantes no ensino médio e superior, com políticas de bolsas, financiamento estudantil e parcerias com empresas para inserção no mercado de trabalho. Só não vale publicar portarias tipo a 924/2024 da Secretaria de Educação do RS, que prevê que alunos que reprovarem em até duas áreas de conhecimento e em até dois componentes curriculares por área — ou seja, em até quatro matérias no total — passem de ano. Vai aqui um sonoro “omg” para o governo gaúcho!

:: Fomento à qualificação profissional: Ampliar programas de formação técnica e reskilling para atender às demandas do mercado, especialmente em áreas estratégicas como tecnologia e saúde.

:: Inclusão social: Seguir criando políticas públicas que integrem grupos hoje marginalizados do mercado de trabalho, como pessoas com deficiência, idosos e jovens em situação de vulnerabilidade.

:: Diálogo com a nova geração: Empresas precisam se adaptar às novas expectativas da força de trabalho, oferecendo flexibilidade, planos de carreira claros, melhores experiências nas jornadas de suas pessoas colaboradoras e um ambiente que priorize saúde mental e bem-estar.

Um convite ao debate

O apagão de pessoas é uma realidade que afeta cada um de nós, direta ou indiretamente. Não podemos mais tratar esse tema como um problema isolado de algumas empresas ou setores – é uma questão nacional.

Se queremos um Brasil próspero e preparado para o futuro, precisamos falar mais sobre isso. É hora de unir governos, empresas, instituições de ensino e sociedade para construir soluções que garantam a sustentabilidade do nosso país.

Atenção entidades associativas como ABRHs: tragam mais este tema para seus fóruns e congressos,… urgente!

Afinal, sem pessoas, não há futuro.

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